Tive a oportunidade de ler essa semana o livro, "Igreja, tô fora",
do Ricardo Agreste, escritor e pastor na Comunidade Presbiteriana
Chácara primavera, localizada em Campinas-SP. Ao ter em mãos o pequeno
livro de 118 páginas, publicado pela editora SOCEP, é impossível não
ter algum sentimento em relação ao título que choca alguns e atrai
outros.
O Assunto abordado é algo que vem sendo discutido por
muitos lideres hoje, mas que ainda precisa de uma atenção e carinho
especial, algo que o autor consegue fazer com uma linguagem clara e
objetiva. Sendo assim, a leitura não foi nem um pouco cansativa e como
acontece em bons livros, a cada página a vontade é de seguir lendo.
Ao todo temos cinco capítulos que tratam sobre a igreja e a situação
dela na atualidade. Seu DNA, a cultura, a liderança, sua missão e
finalmente, o que é igreja respectivamente. A questão predominante está
relacionada ao interesse das pessoas pela espiritualidade, mas ao mesmo
tempo a repulsão que elas tem pela igreja. Afinal, como a igreja local pode se tornar
relevante ao mundo do século XXI mantendo-se Fiel a Jesus e a sua
mensagem ?
A primeira coisa que precisamos lembrar e ter em
mente é o DNA da igreja. Como ela surgiu e como ela era no seu inicio ?
Se respondermos essa pergunta a luz da bíblia, veremos que a igreja em
seu inicio, era composta por pecadores. Pessoas falhas que
gradativamente tiveram suas vidas transformadas pelo Espirito Santo. As
igrejas as quais Paulo destinava suas cartas, não eram igrejas onde
todos os seus membros eram perfeitos, mas igrejas onde havia um povo
justificado por Deus que estava em obras. A graça de Deus é o elemento
chave para compreender que a igreja é um lugar onde pecadores são bem
vindos, e que ali eles terão a oportunidade de serem lavados,
santificados e justificados por Deus. O entendimento disso nos leva a
manifestar mais humildade na visão que temos de nós mesmos, afinal todos
somos falhos e temos um histórico de pecados no passado. Também nos
leva ao relacionamentos com maior graça e um maior compromisso no
cuidado mutuo. Onde cristãos se encorajam a seguir firme no processo de
afastar-se da vida de pecado e buscar a vida nova em Cristo.
As
igrejas em geral sempre almejam estar integradas a cultura. Mas o que
ocorre muitas vezes é que a igreja é mudada pela cultura ao invés de
acontecer uma mudança na cultura devido a influencia da igreja.
Os elementos culturais são divididos em dois grupos. No primeiro temos
elementos de uma cultura marcada pela queda do homem. Mas temos também
elementos que são reflexo dos seres humanos como criaturas de Deus são
relacionais, racionais e criativos.
A igreja precisa
identificar os pontos de contato na cultura e oportunidades de comunicar
o evangelho as pessoas inseridas na cultura e ao mesmo tempo
identificar as distorções e disfunções, confrontando o que leva os seres
humanos a se afastarem de Deus. Um dos elementos que influenciam
muito as igrejas é o consumismo. Igrejas tendem a se tornam lojas que
vendam uma certa espiritualidade e por sua vez, as pessoas se comportam
como clientes indo a igreja como se estivesse escolhendo uma prestadora
de serviços religiosos. A liderança é um fator inquestionável, quando
se fala de ser relevante e permanecer fieis a Cristo. O que mais vemos
hoje é escândalos relacionados a lideres que não se comprometeram
verdadeiramente com os princípios de Deus. Esse compromisso com certeza
trará algum peso e desafios, mas não há nada melhor que permanecer fiel
àquele que nos chamou.
Paralelo a liderança, está ainda a missão da igreja.
O foco da igreja é anunciar o evangelho aos que ainda não creram. Logo
no inicio, vemos que a igreja sempre tendência a se tornar um clube
preocupado mais com o bem estar de seus sócios do que uma instituição
voltada para os de fora. Isso aconteceu na igreja de Jerusalém e Deus
através da perseguição fez com que os primeiros cristãos não se
tornassem um grupo fechado, mas que anunciasse o evangelho.
Ser igreja parte do ser cristão, do ser discípulo de Cristo. O ser
igreja envolve compromisso com Deus e com a sua vontade. É ser uma
comunidade dinâmica, sempre se movimentando e voltada para os de fora. É
andar na disposição e capacitação do Espirito Santo. Isso requer muitas
vezes abrir mão das nossas preferências e nos rendermos a vontade de
Deus para nosso tempo e sociedade. Requer uma reavaliação da nossa
atuação na cultura como igreja local e principalmente observar se como
individuo, eu sou realmente um discípulo de Cristo, ou espero que a
igreja exista em função das minhas preferencias.